O Brasil viveu, em 2020, uma grande expansão de carnes vegetais. Os resultados da pesquisa encomendada pelo IBOPE em dezembro de 2020 revelou que cerca de 52% dos brasileiros se definem como flexitarianos, ou seja, pessoas que seguem uma dieta vegetariana na maior parte do tempo, mas que, eventualmente, consomem carne.¹

Em 2012, o IBOPE já havia realizado outra pesquisa para saber o número de pessoas que se definiam vegetarianas ou veganas no Brasil. Naquele ano, 8% da população, ou seja, cerca de 15,2 milhões de pessoas, declarava-se vegetariana. Em 2018, o IBOPE repetiu a pesquisa que, dessa vez, revelou um aumento impressionante: em seis anos o número saltou para 29,2 milhões de pessoas, o que representava, à época, 14% da população brasileira. Outros pontos indicados pela pesquisa destacaram que 55% dos entrevistados disseram que consumiriam mais produtos veganos caso as embalagens fossem melhor sinalizadas e 60% daria preferência a alimentos veganos se os preços desses alimentos fossem similares aos do que estão acostumados a consumir.²

Mercado brasileiro

Tal crescimento não sugere um fato isolado, mas uma tendência global. O crescimento do setor de alimentos à base de plantas está diretamente relacionado à tomada de consciência por parte das mais diversas populações sobre o impacto da indústria da carne no meio ambiente, na medida em que afeta o clima, as florestas, representa uma ameaça aos animais e aos biomas, às comunidades locais e à saúde dos seres humanos.

Seguindo essa tendência, o mercado brasileiro apresenta um cenário de crescente expansão de oferta de produtos à base de plantas. O surgimento de startups de alimentos tem diversificado cada dia mais a oferta de produtos voltados ao público vegano e vegetariano. Tais produtos, no entanto, também atendem aqueles que, embora conscientes do impacto da indústria da carne, ainda não conseguiram retirá-la do cardápio.

Pegando uma carona neste movimento, empresas gigantes do setor de proteína animal passaram a ofertar produtos à base de proteína vegetal, o que vem sendo comemorado por ativistas de defesa dos direitos dos animais. Porém, apesar das boas notícias, o mercado de produtos de origem animal continua em expansão.

Mercado de origem animal

De acordo com o relatório Projeções do Agronegócio – Brasil 2019/20 a 2029/2030, estima-se que a produção de carne no Brasil continue em rápido crescimento na próxima década. As carnes que projetam maiores taxas de crescimento da produção no período de 2019/20 a 2029/30 são a carne de frango e suína, com 2,5% e 2,4% de aumento respectivamente. A produção de carne bovina tem um crescimento projetado de 1,4% ao ano, o que também representa um valor relativamente elevado e consegue atender ao consumo doméstico e às exportações.³

Portanto, é notório, nos últimos anos, o crescimento do número de pessoas que realizam uma transição e também do aumento da oferta de produtos e locais que oferecem opções sem qualquer ingrediente proveniente da indústria animal. No entanto, há ainda um grande caminho de ativismo ecossocial para que o veganismo se fortaleça, se tornando cada vez mais uma alternativa que respeita os animais, o planeta e os animais humanos. Seguimos!

Referências

¹ ALBUQUERQUE, N. “Flexitarianos” preferem alimentos plant-based que não imitam carnes, aponta pesquisa. Valor Econômico, 2020. Disponível em https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2020/11/30/flexitarianos-preferem-alimentos-plant-based-que-no-imitam-carnes-aponta-pesquisa.ghtml.
² 14% dos brasileiros são vegetarianos, revela pesquisa do Ibope. Revista Galileu, 2018. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2018/05/14-dos-brasileiros-sao-vegetarianos-revela-pesquisa-do-ibope.html.
³Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Projeções do Agronegócio – Brasil 2019/20 a 2029/2030 – Projeções de longo prazo. 11ª edição. Ano 2020. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/ao-completar-160-anos-ministerio-da-agricultura-preve-crescimento-de-27-na-producao-de-graos-do-pais-na-proxima-decada/ProjecoesdoAgronegocio2019_20202029_2030.pdf.