Pelo Planeta

Nunca pensei que a pecuária industrial tivesse efeitos tão devastadores em nosso meio ambiente. Ela destrói nosso sustento e prejudica os seres humanos e os animais com quem compartilhamos este planeta.

Emissões de gases de efeito estufa

A produção de carne e produtos lácteos é um dos maiores contribuintes para o aquecimento global devido à emissão de gases de efeito estufa, como o metano e o dióxido de carbono (CO2). Os números referentes às emissões variam dentro da comunidade científica. De acordo com alguns estudos, as emissões de gases de efeito estufa provocadas pelo homem, como resultado da atividade da pecuária, respondem por 14,5% das emissões globais. Outros estudos estimam que a contribuição da pecuária é significativamente maior, entre 18% e 30%.

De qualquer forma, os números são consideravelmente maiores do que as emissões de todo o setor de transporte, incluindo todos os transportes rodoviário, ferroviário, aéreo e marítimo.

Os impactos do aquecimento global são profundos e abrangentes; sua dimensão é ainda desconhecida. Entretanto, algumas de suas dramáticas consequências já estão se revelando.

A elevação do nível dos oceanos, o derretimento das geleiras e os eventos climáticos extremos mais frequentes e severos, como enchentes, ciclones tropicais e grandes secas, já fazem parte de nossa realidade.

Por muito tempo eu não estava ciente da quantidade de água que é destinada à produção de produtos de origem animal. Os números são incrivelmente altos. Mais de 16 mil litros de água para produzir apenas um quilo de carne? Isso seria o equivalente a aproximadamente 10 meses de banho.

Uso da água

Setenta por cento de toda a água doce superficial e subterrânea são utilizados pela agricultura, 20% pela indústria e apenas 10% são destinados ao consumo doméstico.

A produção de carne e produtos derivados do leite consome uma quantidade enorme de água. Por exemplo, para produzir um único hambúrguer de carne são necessários três mil litros de água, o que é equivalente a dois meses de banho.

A água é um recurso valioso e limitado, e algumas regiões do mundo já sofrem com sua escassez.

De acordo com a organização WaterAid, mais de 650 milhões de pessoas vivem sem acesso à água potável, e as consequências são gravíssimas para a saúde e a situação social das populações locais.

Poluição da água

A pecuária é um dos maiores poluidores da água. O uso frequente de fertilizantes, esterco líquido, pesticidas e antibióticos nas fazendas industriais polui a água subterrânea e corpos hídricos próximos à região.

Na agricultura intensiva, grandes quantidades de esterco e fertilizantes são despejados nos campos cultivados. Valendo-se destes campos, substâncias químicas como nitrogênio e fósforo provenientes dos excrementos se infiltram na água.

Além do esterco e adubo, os pesticidas utilizados nas fazendas representam uma ameaça para o ambiente: mais de 10 mil tipos de pesticidas são usados na agricultura no mundo todo. Quaisquer resíduos desses pesticidas podem se infiltrar nas águas subterrâneas e se misturar com a nossa água potável.

Os pesticidas são também prejudiciais para a nossa saúde e suspeita-se que eles causam câncer e infertilidade.

Uso do solo

A produção de carne requer uso excessivo do solo além de ser a prática menos eficiente de uso da terra. Mais de um terço da área total da superfície global de nosso planeta é desperdiçada na pecuária industrial, incluindo o cultivo de milho e soja para alimentação dos animais.

O consumo de carne é especialmente alto nos países ocidentais industrializados, mas nosso território não é suficiente para atender às demandas por forragem para os animais de produção.

Isso faz com que nosso cultivo de ração para alimentar esses animais se estenda a vastas áreas do território de países em desenvolvimento, predominantemente países da África e América do Sul.

Consequentemente, em uma forma de apropriação da terra, o solo, que é essencial para o cultivo imprescindível de alimentos, é tirado da população local.

Desmatamento

A crescente demanda global das fazendas industriais das nações ocidentais por pastagens para a criação de gado e áreas de cultivo necessárias para a produção de ração (principalmente a soja) para esses animais leva ao desmatamento e a perda de valiosas florestas tropicais. A região amazônica na América do Sul está particularmente em uma posição precária. De acordo com a WWF, cerca de 46 a 58 mil quilômetros quadrados de floresta são perdidos a cada ano, o equivalente a 48 campos de futebol a cada minuto.

A floresta tropical abriga inúmeros animais e também atua como reservatório de água, centro medicinal e centro regulador do clima da Terra. Sua destruição tem sérias consequências para os humanos e animais.