Com uma receita exclusiva, hamburgueria na Augusta preza pelo sabor e mostra que comida vegana pode manter a pegada “junkie” sem deixar se ser artesanal

“Não Contém Papelão” é a mensagem que se lê logo na entrada do Animalchef, na Rua Augusta. A frase faz referência à operação da Polícia Federal que em 2017 encontrou vestígios de carne vencida e papelão em grandes frigoríficos do país. Nem de longe é o caso da hamburgueria que além, de trabalhar exclusivamente com lanches à base de plantas, desenvolveu uma receita exclusiva de hambúrguer, que é a base de todas as criações do cardápio.

O espaço na Augusta foi aberto em janeiro de 2018 e já foi sucesso desde o primeiro mês. Hoje, o cardápio conta com lanches fixos, como o clássico X-salada e o Veg Melt, com queijo prato e creamcheese veganos e cebola caramelizada no pão preto de carvão ativado, com a possibilidade de um combo que acompanha batatas muito bem temperadas e uma limonada da casa. Além do menu fixo, tem o Animalchef da semana, com uma criação exclusiva que sempre muda. 

O que se mantém igual é a receita do hambúrguer Animalchef. Inspirado no padrão das hamburguerias mais famosas da cidade, desde o começo o objetivo foi fazer um hambúrguer à base de plantas que tivesse textura e sabor tão bons que não ficassem devendo para os de carne. O tamanho bem servido de 150g e a utilização de óleos vegetais para trazer suculência também fazem diferença no resultado. Além disso, todo o trio ketchup, mostarda e maioneses também é feito artesanalmente, com base beterraba e batata, e a hamburgueria só comercializa bebidas de marcas menores, sem apoiar grandes empresas da indústria alimentícia.

A ideia surgiu em 2016, quando o proprietário Carlos Dias estava deixando de comer carne e começou a fazer hambúrgueres em casa. Da própria necessidade, ele notou como o mercado de hambúrguer era fraco na época e, a partir daí, se juntou com um amigo cozinheiro para desenvolverem uma receita que eles consideravam boa. Começaram no mercado em uma feira vegana na cidade de Osasco, e o hambúrguer da dupla esgotou em menos de uma hora, o que mostrou acendeu a luz da possibilidade de trabalhar com isso. 

Como não tinha estrutura para entrar em outras feiras maiores, ele passou a vender e produzir versões congeladas do hambúrguer para outras padarias e depois começou a organizar os próprios eventos, as “hamburgadas sem carne”. A terceira hamburgada foi no Hostel Alice, que vinha ganhando visibilidade na época, devido ao Boteco Vegan, da chef Kamili Picoli. Na mesma onda, foi ali que os hambúrgueres bombaram de vez. Depois disso, negócio foi ganhando mais estrutura para participar de eventos maiores e tomar corpo e identidade até chegar na Animalchef de hoje.

Sobre as crescentes marcas e seu hambúrgueres que imitam totalmente a carne, Carlos acha válido, mas pondera: “É uma jogada de marketing para atrair a galera que consome carne. Só de não usar carne e fazer com que as pessoas deixem de consumir, já está valendo. Porém, a maioria dessas marcas usa soja para dar textura e o mesmo aromatizante. Não acho que a soja seja a solução”. 

No Animalchef, a solução já foi encontrada: veio em forma de lentilha vermelha, arroz 7 grãos, beterraba, cenoura, farinha de mandioca, especiarias e todas as melhores combinações possíveis, servidos em uma caixa que passa o recado: “RESPEITA OS ANIMAIS PO%#&!”.


Animalchef
Rua Augusta, 1036 – Consolação
Horário de funcionamento: terça a sexta-feira, das 12h às 15h e das 18h às 22h; sábado e domingo das 12h às 22h
animalchef.com.br
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Guilherme Petro

Jornalista, cozinheiro e professor de culinária, é co-autor do Prato Firmeza – Guia Gastronômico das Quebradas e cria conteúdos sobre alimentação consciente e acessível. Acompanhe mais no Instagram @guilhermespetro.