Muitas dúvidas pairam quando o assunto é vegetarianismo, principalmente sobre o que pode ou não comer. Acontece que o movimento e as razões que levam as pessoas a aderi-lo vão muito além do prato

Por Bianca Manfrin

Entenda o movimento, suas subcategorias e nominações

O movimento vegetariano consiste em adotar uma alimentação à base de vegetais, legumes, frutas, leguminosas e hortaliças, cortando a carne de seu cotidiano. A restrição vai desde a carne a alimentos que condicionem o sabor e ingredientes que contém essa propriedade animal. No entanto, o vegetarianismo tem subcategorias que abraçam várias nuances, por isso a grande confusão acerca da nominação.

O movimento abrange diversas facetas que ampliam ou restringem o consumo de carne. Os vegetarianos estritos, por exemplo, se limitam apenas a uma alimentação sem origem animal. Já os veganos compõem a categoria que não consome nenhum produto que seja fruto da exploração animal, isso inclui não só alimentos, como também, vestuário, cosméticos, produtos de limpeza, etc.

Ainda assim, diante das variantes tribos vegetarianas, existem as pessoas que consomem alguns alimentos de origem animal, como derivados do leite — lactovegetariano, ovos — ovovegetariano e ovolactovegetariano quando comem essas duas exceções. Ainda há os peixetarianos, que tem uma dieta a base de vegetais, mas se permitem comer peixes e frutos do mar e os pollotarianos seguem um padrão alimentar essencialmente vegetal, entretanto, têm uma brecha lhes possibilita o consumo de frango. Também há os flexitarianos, categoria cuja qual se alimentam principalmente de vegetais, mas em momentos ocasionais, mais ou menos excepcionais, ingerem carne. Dentro do movimento vegetariano, existe grande debate, relutância e exclusão quanto as três últimas definições.

Os números

O vegetarianismo tem ganhado adeptos e simpatizantes no mundo todo. Mesmo que imperceptível, houve uma mudança global em relação a repensar o consumo de carne nos últimos anos.

A GlobalData, empresa de dados e estatísticas que trabalha para as maiores companhias do mundo, lançou um relatório no início de 2018 afirmando que 70% da população mundial está reduzindo o consumo de carne ou cortando completamente a carne do cardápio. O relatório também mostra o crescimento da categoria vegana nos Estados Unidos nos últimos três anos, que apontou um aumento de 600%.

De acordo com a maior plataforma de pedidos alimentícios da Romênia, a Foodpanda Romania, em 2017, a demanda por comida vegetariana cresceu 800% no país.

A ascensão do flexitarianismo se deve também pela campanha Meatless Monday (Segunda Sem Carne), criada em 2003 nos Estados Unidos com o intuito de diminuir o consumo de carne, sendo comprovado que os americanos consomem 15% mais carne do que o recomendado.

Hoje, a campanha é contemplada em 35 países, sendo o Brasil o país com maior número de adeptos no mundo.

Em 2012, 8% da população brasileira se declarou vegetariana, número equivalente a 15,2 milhões de pessoas adeptas ao movimento no país segundo uma pesquisa realizada pelo IBOPE. Em abril de 2018, a empresa realizou novamente a pesquisa e o número de vegetarianos praticamente dobrou nos últimos 6 anos, contabilizando 14% da população brasileiras, equivalente a 30 milhões de adeptos ao vegetarianismo e quase 5 milhões de adeptos ao veganismo no Brasil. Ainda em uma pesquisa realizada pelo DataFolha em 2017, 63% dos brasileiros pretendem reduzir o consumo de carne e 73% gostaria que houvesse mais informações sobre a indústria pecuária.

Entre os motivos que têm inspirado pessoas a aderirem o movimento, destacam-se a causa animal, a sustentabilidade, a saúde, a economia e a espiritualidade.